TEATRO AMADORES APAIXONADOS
Teatro por Wagner Castilho em 07/07/2003
Eu sei, eu sei! O título deste artigo é redundante sim!
Neste mundo ocidental de telecomunicações avançadas onde todos sabem algo sobre
todos os assuntos mas não sabem nada ou quase nada sobre algum assunto em
profundidade… vasto como o oceano e raso como um pires… Portanto, cabe aqui a
redundância. O assunto hoje é teatro amador. Teatro feito por quem ama, por
amante; por pessoas cheias de paixão por algo ou por alguém.
E não vamos entrar em um jogo de palavras, por favor!
Profissionais de um lado, amadores do outro… não! É o tipo de comparação que
não serve para teatro. Conheço tanto atores profissionais apaixonados pelo
teatro como atores amadores mais profissionais do que os que tiram o sustento
da arte. Fazer teatro sem paixão, é triste. É passar a vida em preto e branco
sem aromas e sem a dádiva do olhar. É ver e não perceber. O primeiro abalo e
você desmancha.
Portanto pergunto: você faz teatro? Se faz, por que faz?
Porque não tem nada para fazer ou porque é legal ou porque aquela menina ou
aquele menino faz e aí… você entende né? Ah! Já sei. Você faz teatro para se
conhecer melhor… Você é uma pessoa muito só ou talvez alguém da igreja empurrou
este “cargo” para você; para cuidar do pessoal do teatro…
Sinto muito dizer mas todas estas justificativas não
sustentam uma produção artística teatral duradoura, realizadora. Não se tornará
sequer uma manifestação artística autêntica. Não que este universo de encontros
e desencontros, perdas e danos não exista; existe sim, faz parte da convivência
comunitária. Mas quando os objetivos paralelos e pessoais de cada um, são mais
fortes que o objetivo coletivo, seja a realização de um espetáculo ou a
formação de um elenco fixo ou até mesmo a profissionalização do grupo (por que
não?), enfim, a criação coletiva é uma tarefa por demais árdua; o respeito
mútuo, o espírito de grupo, deve prevalecer.
O fazer teatral não depende só de técnica ou só de
inspiração. Depende também, e muito, da ética de cada um. Por isso, quando me
pedem para assistir uma peça feita por amadores, espero encontrar pessoas
apaixonadas, amantes do que fazem e de Deus, a quem consagram aquele
espetáculo. De outra forma, será um fazer teatral por obrigação, ou por
necessidade. Um dever ou um entretenimento fácil que não resultará em
crescimento para ninguém. E de entretenimento barato a nossa sociedade esta
cheinha de opções.
Não perca tempo cara! Alugue uma fitinha e chame os amigos.
E vê se pega uma fita legal, nada de papo cabeça que dá sono, não é? E enquanto
você dorme, a vida passa…
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