Camila, a pequena abandonada
Teatro por Sônia Severiano em 04/08/2003
Narrador: Vamos conhecer a história de Camila, a pequenina
abandonada, a história de uma menina de rua.
GENI: Vejam só, essas crianças de rua servem apenas para
desmoralizar a sociedade, que imagem vão Ter de nossa cidade? Se liga menina,
levanta daí, vá procurar o que fazer! Onde estão seus pais para ensinar a regra
do bem viver?
CAMILA: Eu não tenho pai e nem mãe, (chorando)
GENI: Desculpe- me criança (abraça-a) confie em mim, o que
sentes?
CAMILA: Fome, muita fome. (massageando o estômago)
GENI: Coma este lanche (tirando da bolsa um lanche).
CAMILA: Muito obrigada! A senhora é uma pessoa muito boa.
GENI: Mas não se acostume. Procure um orfanato, a cidade é
grande tem vários por ai, com certeza lhe darão abrigo (sai falando) é cada
coisa que a gente vê que não se explica, eu tenho mais o que fazer.
CAMILA: Um orfanato! Que bela idéia! Um lar! Crianças
brincando! Novos amiguinhos! Brinquedos! Comida a vontade! Vou me informar, que
bom! Ai vem um senhor.
CAMILA: (humildemente) Tio o senhor...
HOMEM: Cai fora menina, não tenho esmola hoje.
CAMILA: Não é isto tio...
HOMEM: Já falei, cai fora! Vai procurar serviço.
CAMILA: (abaixa-se desajeitada com a mão no rosto) Eu não
quero dinheiro, eu quero uma casa, eu quero um lar, eu quero uma família! Está
vindo uma senhora quem sabe ela queira me adotar. Ela tem cara de uma pessoa
muito boa.
CAMILA: Tia, a senhora quer eu para você?
MULHER: O que significa isto?
CAMILA: Bem... a senhora me quer para você?, eu não tenho...
MULHER: Diga para os seus pais tomarem vergonha, não estou
dando conta nem dos meus.
CAMILA: Tia eu não tenho...
MULHER: Qual é a sua menina! Eu hein!...
CAMILA: Que vida ingrata, viver assim é melhor morrer
(chora). A gente grande, não escuta gente pequena. Não deixa a gente explicar
nada, se ela não tivesse papai e nem mamãe... garanto que ia saber o quanto dói
dentro da gente. (sorrindo) Hã! Tive uma idéia. Outro dia pedi comida na casa
de uma senhora tão boazinha, ela me pareceu muito inteligente, parecia saber de
tudo. Ela deve saber onde posso encontrar um orfanato. Vou até a casa dela.
Porque não lembrei isto antes! Ela é muito educada e me tratou como gente
grande.
Cena: Camila sai correndo ao chegar na casa bate palmas.
CAMILA: Oi! Voltei!
MULHER: E trate de ir voltando, essas crianças são muito mal
acostumadas, dei um prato de comida outro dia, hoje já está de volta.
CAMILA: Oh! Tia!...
MULHER: Isto mesmo, cai fora já daqui (fecha a porta).
CAMILA: Este mundo não vale nada mesmo, as pessoas mudam
cada dia, eu não ia pedir nada, ainda tenho um pouco do lanchinho que ganhei
(mostra o pacote) eu só queria uma informação de um abrigo.
CENA: Abraça o pacote de lanche e sai muito triste e
vagarosamente.
NARRADOR: Estás vendo a humanidade? Só vive a proclamar o
amor, a caridade... mas vamos adiante, na frente há uma hospedaria e poderás
descansar até ao raiar do dia.
CENA: Camila chega e bate palma e ninguém atende.
NARRADOR: Que pena, não vai poder se alojar, o anfitrião ao
vê-la lhe disse sem esperar.
ANFITRIÃO: (com cara feia) Que queres? Que desejas com este
olhar profundo? Não sei se és fugitiva ou vagabunda?
CENA: Camila aperta o resto do lanchinho no peito e sai
chorando.
NARRADOR: As portas se fecharam de modo tão violento,
ficando a criancinha exposta ao relento.
CAMILA: (conversa sozinha) Papai e mamãe sempre diziam:
Jesus também sofreu. Por ter amado tanto, por nós Ele morreu.
CENA: De joelhos com as mãos posta entre o lanche, ora a
Deus.
ORAÇÃO
Papai do céu, mamãe e papai falavam que o Senhor é tão bom,
que mandou seu único filho para morrer por nós e nos livrar do eterno
sofrimento. Papai do céu eu estou sofrendo tanto! Ninguém me compreende!
Ninguém gosta de mim, ninguém me escuta, eu só quero encontrar um orfanato. Me
disseram que é um lugar tão lindo, com muitas crianças a brincar. Me disseram
que é um verdadeiro lar, com tias boazinhas que dão comida, estudo e carinho.
Papai do céu, eu preciso encontrar este lar. Mas já andei tanto, ninguém se
interessou em me ensinar. Manda alguém Papai do céu para me ajudar, amém.
CENA: Chora muito alto e enxuga as lágrimas com a beirada do
pacote de lanche. Enquanto isto passa um grupo de crianças indo para escola,
trajando uniformes e material escolar. Todos alegres e conversando alto. Param
derrepente ao ver Camila.
JOÃOZINHO: Vejam! Uma menina chorando no meio da rua! (todos
rodeiam admirados e perguntam:
TODOS: O que você está fazendo aqui!
CAMILA: (soluçando) Eu? Eu... eu estou a procura de um lar,
não tenho papai e nem mamãe, preciso de um orfanato para morar. Já perguntei
para muita gente grande, mas eles nem deixam eu falar?! . O Papai e mamãe de
vocês já falaram neste lugar? (diz com semblante alegre) Quem sabe vocês
poderão me ajudar a ir até lá.
PEDRINHO: Nada disto, nós temos um lugar melhor que o
orfanato, melhor que qualquer outro lugar.
CAMILA: É verdade?
ANGÉLICA: Ë verdade e nós estamos indo para lá
CAMILA: (muito animada) E vocês poderiam fazer o favor de me
levar junto?
RITA: Levaremos sim, mas não estamos fazendo favor, estamos
cumprindo nossa obrigação. Nós somos alunos da Escola Bíblica Dominical
Cordeirinhos de Cristo. Na lição de Domingo passado aprendemos que devemos amar
o próximo como a nós mesmo.
CAMILA: (Camila se levanta).
MARINA: Isto mesmo! Como é o seu nome?
CAMILA: Camila.
MARINA: Camila, você é o nosso próximo.
CAMILA: É verdade?
MARINA: Sim, é verdade. A nossa professora nos ensinou na
última Escola Dominical, que Deus é nosso Pai. Se Deus é nosso Pai, você é
nossa irmã. Vamos junto com a gente, nossa professora vai explicar melhor este
assunto.
CAMILA: (admiradíssima) Agora!
TODOS: Agora! Já estamos atrasados.
CAMILA: (Olhando para roupa maltrapilha que está vestida)
Assim! Minha roupa está tão feia, tão rasgada.
JOÃOZINHO: (diz com firmeza) Camila, isto não nos interessa,
o que interessa é que você é nosso próximo, é nossa irmã, nós a amamos como
você é, como você está, não se preocupe, vamos dar um jeito.
CAMILA: Vocês são muito legais, eu nunca encontrei pessoas
tão boas assim.
MARINA: (amavelmente fala) Bondade sua, bom mesmo é nosso
amigo Jesus. (muda o tom da voz). Vamos depressa, já está quase na hora de
começar nossa aula.
CENA: Um cenário de sala de aula, onde a professora está
escrevendo o cabeçalho da escola. Ao chegarem a porta, pedem licença para
entrar, pois a aula já iniciou.
TODOS: Com licença professora.
PROFESSORA: Oi! (olhando no relógio) Pensei que não viessem
mais hoje.
MARINA: Sabe qual foi o imprevisto tia?
PROFESSORA: (continua escrevendo sem perceber a presença de
Camila) Não tenho a mínima idéia.
MARINA: (ainda em pé com a mochila no ombro). Nós
encontramos uma nova amiga no caminho da escola, e resolvemos trazê-la para nos
fazer uma visita e conversar um pouco com a senhora, ela está com alguns
probleminhas. Agimos conforme o que aprendemos na lição de domingo passado a
respeito do amor ao próximo.
PROFESSORA: Como estou contente de em ter alunos tão
aplicados como vocês. (sorrindo) Vocês são demais! E o nosso visitante?
CENA: Camila está atrás de Marina, ao sair da frente Marina
diz:
MARINA: Ela está aqui. (Camila fica tímida e a professora a
abraça sem preconceitos)
PROFESSORA: Oh! Querida, seja bem- vinda entre nós, estamos
muito contente com sua presença (caricia a cabeça de Camila e Pergunta) Como é
o seu nome?
CAMILA: Camila
PROFESSORA: (disposta e carinhosa) Camila, nós estamos tão
contentes com sua visita que vamos cantar uma musiquinha especialmente para
você. Vamos lá crianças.
TODOS: Vamos!
MÚSICA
Visitante seja bem- vindo, sua presença é um prazer Com
Jesus estamos dizendo, nossa escola ama você.
PROFESSORA: (Animadíssima) Bem vindo a nossa visitante
Camila! (Camila chora de emoção)
TODOS: (alegres) Bem- vinda!
CAMILA: (chorando) Estou emocionada, Papai do céu ouviu
minha oração. Isto aqui é o céu? Vocês são os anjos?
PROFESSORA: (carinhosamente abraça-a) O meu amor. Aqui não é
o céu, e também não somos os Anjos, mas aqui reina o amor, o amor nos leva ao
céu, no lugar onde estão os Anjos.
CAMILA: Andando por este mundo, desde quando papai e mamãe,
morreram em um acidente, só encontrei desilusões. Fui morar com uma família que
foi muito cruel para mim, fugi daquela casa e passei a viver na rua, só
encontrei humilhações, nunca, mas nunca mesmo alguém me recebeu assim (todos a
ouvem comovidos a professora caricia os cabelos desalinhados de Camila enquanto
escuta sua história) Foi, por isso que pensei que este lugar era o céu e vocês
os Anjos.
CENA: Todos sentam em suas carteiras, Camila também recebe
um lugar indicado pela professora para sentar-se ao som da música conta através
da mímica sua história, enquanto está contando o narrador narra.
NARRADOR: A pobre criança conta sua história e todos ouvem
atentamente. (após fecha-se às cortinas e toca a música amigos para sempre, só
à melodia ) e o narrador continua.
NARRADOR: Os dias se passaram, Camila está feliz, recebeu
assistência social e espiritual com o apoio da escola, dentro das formalidades
legais foi adotada por um casal que dispensa todo amor e carinho a querida
menina. Participa ativamente de todos os trabalhos da escola, e atualmente é
regente do Coral Infantil, aí vem ela e seus componentes.
CENA: Camila aparece elegantemente vestida, colocam em forma
os componentes do Coral Infantil e rege com muita competência o conjunto que
acompanha um hino especial. (a escolher) Após o hino fecha-se a cortina e
encerra com o Aleluia de Hendel.
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