Litíase
urinária é a presença de cálculos em qualquer região do trato urinário
que compreende: rins, ureteres, bexiga e uretra. Estes cálculos, que
comumente são chamados de pedras, podem ter diversas origens, e de
acordo com sua localização podem causar sintomas leves, graves ou não
apresentar qualquer sintoma. A sua incidência encontra-se entre 2 a 3%
da população, com chance de recidiva de 80%. Cálculos assintomáticos
podem se tornar sintomáticos em 50% das pessoas.
A urina é composta por várias substâncias, sendo algumas delas
sólidas que se encontram diluídas de maneira equilibrada, e outras que
ajudam a tornar o material sólido mais solúvel. O desequilíbrio entre a
concentração destas substâncias com o aumento de algumas ou diminuição
de outras pode levar a precipitação de cristais insolúveis com formação
de cálculos. Os principais componentes da urina que podem formar
cálculos são o cálcio, o oxalato, o ácido úrico, fósforo, magnésio e
cistina. O citrato que também é um componente da urina por sua vez tem a
função de evitar a formação dos cálculos.
O fator de risco mais
comum, encontrado em mais de 80% dos pacientes, é o antecedente familiar
de cálculo renal. Nesses casos, em 90% das vezes os cálculos são formados
por cálcio. Outros fatores importantes na formação do cálculo urinário
são a baixa ingestão de líquidos e o uso abusivo de sal de cozinha. A
dieta com alimentos que contenham oxalato pode predispor a formação de
cálculos. Problemas no metabolismo de algumas substâncias como a cistina
e o ácido úrico podem levar ao aumento na eliminação destes produtos na
urina e consequente formação de cálculos destas substâncias.
Cálculo pode sair dos rins e chegar ao sistema urinário
Quando
estão no rim geralmente não causam sintomas, as cólicas renais
acontecem quando os cálculos estão sendo eliminados e acabam obstruindo
os ureteres, que são os canais que levam a urina dos rins até a bexiga.
Como é o tratamento?
Os cálculos
formados nos rins, em sua maioria, acabam sendo expelidos pelo trato
urinário. Cálculos menores que 5 mm têm mais de 70% de chance de serem
eliminados sem necessidade de procedimentos ou tratamentos. Desta
maneira, cálculos renais menores que 5 mm não necessitam tratamento
específico.
Para cálculos
renais entre 6 mm e 15 mm, o tratamento de escolha é a nefrolitotripsia
extracorpórea por ondas de choque (LECO), que consiste na aplicação de
ondas de choque emitidas por equipamento específico que concentra as
ondas de choque sobre a pedra. A localização pode ser feita com auxílio
do raio-x ou ultrassom. Este procedimento tem uma eficácia de cerca de
70% e o sucesso depende da consistência e localização do cálculo. (link
para vídeo http://youtu.be/F5FTre9qOiY)
Pessoas que eliminam os cálculos ou que fazem tratamentos podem apresentar recidiva se mantiverem os mesmos fatores de risco
Cálculos
renais maiores que 15 mm necessitam de cirurgia para sua resolução. A
melhor cirurgia para cálculos renais é feita por meio de uma pequena
incisão de 1 cm na região lombar, com introdução pequenos tubos até o
interior do rim, onde estão os cálculos. Um equipamento com câmera na
extremidade é introduzido e os cálculos, sob visão direta, com auxílio
de equipamento ultrassônico, são fragmentados e aspirados. A cirurgia
descrita chama-se nefrolitotripsia percutânea. A palavra
nefrolitotripsia vem do grego nefro=rim, lito=pedra e trispsia=quebrar.
Alguns cálculos
podem crescer muito e atingir dimensões maiores que 5 ou 6 cm ocupando
todo o interior do rim, estando associado a infecção crônica. Estes
cálculos são silenciosos, causando poucos sintomas, porém levando a
perda da função renal a longo prazo. Muitas vezes o tratamento destes
cálculos necessitam de inúmeras cirurgias (nefrolitotripsia percutânea)
ou mesmo cirurgias convencionais com abertura do rim.
Outra cirurgia que
surgiu recentemente para tratamento de cálculos renais é feita através
da via urinária, sem nenhuma incisão. O equipamento fino e flexível e
introduzido através da uretra, passando pela bexiga, ureter e chegando
até o rim, onde os cálculos são fragmentados com auxílio do laser
(ureterorrenolitotripsia flexível).
Já os cálculos que
já saíram do rim e estão no ureter a caminho de serem eliminados podem
causar dor, pararem no meio do caminho e não serem eliminados. Esses
cálculos precisam muitas vezes de tratamento cirúrgico e são perigosos,
podendo levar a diminuição da função do rim de forma temporária ou mesmo
de forma definitiva se não for tratado. A cirurgia é chamada
ureterolitotrispia, e é feita também por meio da via urinária com
equipamento que tem uma câmera na extremidade. O cálculo é quebrado com o
auxílio do laser, sendo que os fragmentos são retirados com auxílio de
uma pequena cesta (veja o vídeo http://youtu.be/dhLuFU0QHhM).
Cirurgia não é definitiva
As pessoas que
eliminam os cálculos ou que fazem tratamentos para sua eliminação podem
apresentar recidiva e formação de novos cálculos se mantiverem os mesmos
fatores de risco. Desta maneira, é muito importante que os pacientes
que têm o diagnóstico de cálculo renal mudem alguns hábitos de vida pra
evitar a formação de novos cálculos. As mudanças são simples, como
aumentar a ingestão de líquidos, evitar excesso de sal de cozinha e de
alguns alimentos. Se apesar dessas medidas o paciente apresentar a
formação de novos cálculos é necessária a investigação metabólica da
origem do cálculo e por vezes o uso de medicamentos para evitá-los.
Salientamos
que as indicações de tratamento expostas acima devem ser
individualizadas levando em conta diversos fatores e as características
de cada paciente, podendo muitas vezes ser diferentes do descrito acima.
É importante que o tratamento dos cálculos seja acompanhado por
profissional habilitado para tal como urologista ou nefrologista.
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